segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

filho do momento

Sinto q´a vida se me esvai...
Por entre as mãos indigitas do vento
Sinto q´a vida, essa que me trai
Que rouba o dia e traz momentos
Desses que lincham privadamente,
Desses que oxidam titânicas correntes,
Desses que espiam sonhos ardentes,
Desses que habitam profundas mentes,
Desses que mordem sem ser com dentes...
... são laivos nossos, estrelas cadentes
Rasgando os céus que o tempo mente,
Parecendo mar qual rio somente!

Sinto que sou quando é o momento
Que traz a vida como lamento
E a dor sábia como tormento,
Vislumbrando o “eu” que oprimo dentro,
O eu obscuro de tez violenta
Que rasga a carne jorrando magenta,
Que impregna o espírito e a alma tenta
Ao sono eterno, vida mais lenta
Que é mistério e reprimenda!

Sou piscar-de-olhos de alguém,
Sou tic-tac do tempo de aquém,
Sou esse pai, filho-da-mãe
Sou esse filho do tempo outrem,
Matou irmãos em nome de ninguém...
... expulso de paraíso sem côdea ou jumento,
Ajeitando bússola de feição ao tempo...

...esse tempo que é pai deste filho momento...

by Synn&r