sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Templo-relento

Por raiva escrevo desenfreadamente,
colhendo a tinta desta pena
em cada poro de minha prória pele;

por raiva escrevo contra a gente,
porque só a gente sabe achar azedo
o mel que é ser boa-gente!

Gatafunho letras
que do caos dão palavras,
moldando folhados recheados de carne,
fazendo empadas,
que uns por não comer
outros por não quererem comer,
jamais conhecerão o meu mundo de fadas!

Talvez a não todos me farei entender,
a esses que não vêem o meu fogo arder,
mas que o sentem!...
… e para o não temerem atiram-me pedras,
dessas que quebram telhas,
me atiram pedras,
a mim e ao meu templo!

- Ho gentes de ignóbeis invejas:
o meu templo tem tecto de relento!
...com janelas de cristais de vento!
...não como as vossas,
janelas de armado-cimento
que a isso chamais vosso templo.
Casulos herméticos com telhas de lamelas,
que estilhaçam com sopro de velas,
ruindo-vos os sentimentos!
Apodrecem-vos os alimentos que os como eu,
colhe-mos em hortas tão belas!

Com despeito assim vos insulto
e aos que me entendem,
humildemente vos indulto,
criai templos-relento
e não casulos de morte-reduto.

by synn&r

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