quarta-feira, 19 de agosto de 2009

suicidio inventado

Em espiral, deixo-me sucumbir no vazio
Que é o abandono momentâneo
Desta vida surreal e suicido-me…
Em cada estocada reinvento este inferno
em que me cozo de dentro para fora:
amolecendo-me os ossos,
estalando-me a pele,
explodindo-me o corpo,
implodindo-me a alma
e morro…
em êxtase de morte de descarga seminal
e ressuscito…
e de novo o momento me desperta
numa espiral demoníaca, matéria primária
do meu suicídio inventado!
Uso, abuso e desmantelo esta pele
que é adereço, desconstruo-a até ao começo!
… e adormeço…
Acordando num sonho etéreo
A distancias de tempo e espaço aéreo
Onde outro mundo reinventado
Nas mentes criado aparece!
Onde só aqui, a pureza se engrandece
E a simbiose entre céu e terra
Se concretiza na perfeição de duas personalidades
Como fauna e flora extasiando-se, qual amantes
Em auge orgásmico, gritando sons primários
De principio de universo,
De feliz apocalipse
De sonho desperto
De penumbra ofuscante
De possuir sem ter!
E desfaleço…
Num coma consciente
que me inebria de clorofila
com o vento como dealer
de substância clorofilica
que me ausenta de mim!
!...e apenas agradeço…!

by Synn&r

terça-feira, 18 de agosto de 2009

"...mão de diabo...!?"

Dizem que mão esquerda
É mão de diabo!
Como pode isso ser!?
E assim por dizer
Se essa mão santa,
Acaba de proporcionar
A este escravo lunar
Um santíssimo alívio!?
Assim sendo pergunto eu (?)
Como desde Prometeu
Aliviámo-nos as almas
Assim como podemos!?
Assim sendo pois então,
Brindemos de jarro na mão
A Baco, deus Lusitão
Que ao diabo deveu escravidão!?

by Synn&r

"Ó Lascívia!"

Ó lascívia!
…a quantos de nós haveis corrompido,
A quantos de nós haveis mentido,
Vestindo-vos de amor!...
De um amor que sem sentido,
Iludiu romanos, povos antigos.
Á diva Vénus em louvor
Troianos e gregos voltavam-se amigos,
Amantes guerreiros, ferozes inimigos
Funções dispares de pleno ardor!

Ó lascívia!
…vós que avolumais incautos testículos
E inflamais os clítoris místicos,
Não me enganeis!...
Com vossos prazeres empíricos
Indignos dos grandes líricos.
Nem refuteis,
Estes prazeres raciocinicos
Estes saberes edílicos…
E não contesteis,
Estes amores Olympicos
Pejados de sabores instinticos
Que jamais eu amarei.

by Synn&r

domingo, 16 de agosto de 2009

" Leão Breu"

Ó vós Leão Breu
Qual discípulo de Morpheu,
Não me ludibrieis! ...

Com vossos pareceres demoníacos,
A mim, o menos que temeis,
Limpai-me o rumo
De tojos, silvas e divinas leis,
Emudecei-me os lábios
Com esse sumo
Que só vós sabeis,
Esse sumo cósmico,
Atexturado nem sequer
Liquidificado, ainda assim
Volátil como éter,
Quase omnipresente,
Um ser que se inala,
Ainda assim não se sente,
Um ser que se instala
Nos confins da mente…

… e ainda assim,
Um ser doente!
Doente porque é dejecto,
Subterfúgio frequente,
Daqueles que de intelecto
Têm o medo dormente
De concretizar o facto
De sentir diferente
De pensar diferente
E parecer diferente…

by synn&r

"trigésimo primeiro acto..."

Este teatro que é a vida
Qual garrafa de álcool
De tara perdida,
Este laivo de sentimento
Que de insuficiência está pleno,
Como de acto em acto
Ante negra cortina,
Este passado encerro
Diante da cortina corrida.

Este trigésimo primeiro acto
De teatro de vida,
Continua como mistério
Como dogma de fé exacto
De sentença escolhida!

Personagem figurino,
Adereço faz de conta,
Argumento de linha em linha
De obra de pouca monta,
Fui eu e a vida minha!
Prometendo-me e deslumbrando-me
Com posses que eu não tinha…
Como cenário representando
Realidade em falsa tinta!

Sabendo eu ser quem sou
Ou alguém a quem me pareço,
Assumo-me outro que destronou
Esse quem era e perdi apreço!
Pois de actos passados
Já vazios de palmas,
Não se crescem espíritos
Nem se eternizam as almas!...

by Synn&r