segunda-feira, 30 de março de 2009

ser teu

Ser teu…
Ser teu é sina!
Ser teu é castigo!?
- Ó senhores aí no olympo,
Com mão de ferro nos regeis!
E dizei-me se não vos minto!...
Sentir este amor me fazeis;
E depois… esta dor!...
- Aqui está, aqui tens.
Sou teu, de mais ninguém!
Sou teu sem vontade.
Sem querer,
Porque não quero:
Quem por mim não dá vintém
E se p’ra ti não sou ninguém,
Recorda quem fomos!
Almas gémeas reunidas desde o além…

by Synn&r

quarta-feira, 25 de março de 2009

"outro dia ofuscante de luz"

… outro eu que desconheço, amanhece sem vontade entre suores de sonhos psicadélicos e borbotos de lençóis de candura fajuta…
… outro eu que apresento a um alter-ego alienígena, de aparência verde-antena, explica-me que renasço novamente como no final de uma noite uterina; esbofeteando-me a alma, relembrando-me que se me deu a oportunidade de voltar a sentir com os sentidos deste corpo que se esquece… mas que a alma reconhece!
E assim adormeço neste sono desperto que é a rotina do viver!
…outro dia ofuscante de luz…
by synn&r

"falso profeta"

Volatilizo-me por cima dos muros
Que dividem inferno e terra!...
A plenos pulmões grito a todos os mudos:
- Não ouvis?! – este que vos berra!
- Este que sobrevoa os muros,
Sem rumo e ao jeito de quimera!...
Que segue sonhos rasgados por coisas meras,
Tal poeira cósmica, tal molécula efémera!!!
Ainda que branda a minha espada;
A sangue, suor e fogo talhada,
Dirão os cegos ou mesmo todos:
- Falso profeta feito de logros!
- Só és mais um, como outros tolos!

by synn&r

terça-feira, 24 de março de 2009

“Desventuras de uma assombração”

… mais uma noite insónica pejada de corpos pesados que tentam sublimar-se através de líquidos altamente voláteis!... acendendo cigarros atrás de cigarros, esses quase-seres, imitam pecados na esperança de arder em seus pequenos infernos por eles mesmos criados!!!
E dou por mim regozijando-me por me encontrar entre eles, sentindo-me igualmente alienado; comunidade noctívaga indigna até de serem morcegos!... esses pelo menos são, e não quase-quase seres!... assombração…
E de repente um anjo-demoníaco apropria-se de minha atenção lembrando-me o que á noite sou: assombração!...
- Minha doce assombração! – repete o anjo, e eu negando, replico se sim, não serei sua mas assombração de mim próprio!!!
A retórica não resulta, o anjo-demónio com esgar inquire-me sobre a quantidade de camisas-de-marte que possuo e viola-me!...
… primeiro a mente
… depois o hálito podre
… de seguida o corpo
… e finalmente na alba da manhã, quando já sozinho, debaixo de um chuveiro arranco com as unhas a pele impregnada de cinza do meu pequeno inferno, o anjo-demónio
… viola-me a alma!... importar-me-ia, se inteiramente fosse…
… mas sou apenas: - assombração!!!

by Synn&r

sexta-feira, 20 de março de 2009

by synn&r }}}

- os meus poemas são uma visão análoga das emoções e sensações
experimentadas no meu quotidiano:

às vezes sinto que faço parte de uma larga linhagem de “adamastores” que ao largo e por sina naufragaram…
ás vezes sinto que sinto idênticos amores
àqueles que por fado sofreram horrores
àqueles que esperando toda uma vida
essa maldita que os deuses malamente auguraram!

11´julho2008

sem ti

Sem ti espremo o demónio…
Este que levo encarcelado dentro…
Este que esmago contra estas paredes graníticas,
este que esquartejo quando aperto as correntes que o envolvem…
este que também sou eu e que me faz ser quem sou!?
Sou o demónio que grita em silêncio…
E é este grito estridente tão poderoso
Capaz de estilhaçar o mais titânico dos diamantes,
Capaz de iniciar e findar mundos,
Capaz de inventar universos…
É este grito mudo que me balança,
Me balança equilibrando-me nesta ténue linha ambígua!
Esta fronteira maldita que não passa de jardim de carne putrefacta
A qual espezinho passeando sobre corpos lancinados…
Dilacerados por suas próprias atitudes homogénias, iguais, análogas…
Esses carneiros degolados por suas próprias mãos
Manchando a mãe Terra de um escarlate impregnante
Que nos entra pelos poros ,
nos fazendo crer que teremos esse mesmo apocalipse!
Mas eu digo não, nunca…!
Nunca serei parte desse mundo.
Antes serei demónio que cordeiro.
Antes serei machado que pescoço…
Antes serei sangue que impregna terra que terra impregnada…
Antes serei quem sou que aquele a quem me pareço,
Assim terei a certeza que quando a roda do tempo girar de novo,
Não serei engrenagem de máquina, nem de estante adereço…!
… mas demónio de um novo começo.

junho´2008 by synn&r